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Introdução

Olá meus caros visitantes (:

Antes de espreitarem o meu blog, queria fazer uma breve apresentação.

Este blog é uma antologia que contém cinco poemas de cinco poetas de língua portuguesa do século XX.

Esta antologia foi realizada no âmbito da disciplina de Português e a pedido da professora. Gostaria de partilhar convosco estes poemas porque achei que eram adequados ao tema e de fácil interpretação. Por isso, penso que a deverão ler e saborear.

De seguida, apresento a estrutura. Esta antologia constituída pelos poemas e respectivos comentários, onde apresento a minha opinião e uma pequena análise. Os poemas foram escolhidos com o tema da importância das palavras e estão ordenados pela minha ordem de preferência, sendo o primeiro aquele que eu aprecio mais.

Desejo a todos uma boa leitura e não se esqueçam de deixar o vosso comentário!


Cátia Rodrigues

sexta-feira, 6 de maio de 2011

As Palavras

São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
Um incêndio.
Outras,
Orvalho apenas. 

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
As águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.


Quem  as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade, Coração do Dia

6 comentários:

  1. Na primeira estrofe as palavras são associadas a um cristal, a um punhal, a um incêndio e ao orvalho.
    Ao comparar as palavras a um cristal (poderosas e preciosas) e ao orvalho (calma e serenas), o poeta refere-se as palavras quando estas são boas; quando fala em punhal (sofrimento e dor) e em incêndio (destruidoras) está a referir-se às vezes em que as palavras se apresentam como más.
    A mensagem que se passa é que conforme os momentos, as pessoas, a forma como são proferidas, as palavras têm estes diferentes papéis.
    Na seguinte estrofe, o primeiro verso refere-se às palavras como sendo algo que ao longo dos tempos trazem consigo as mais variadas histórias e os mais secretos segredos; funcionam assim como elemento essencial na comunicação desde a antiguidade.
    As palavras navegam inseguras porque por vezes são barcos (que atravessaram tempestades e tormentas, dificuldades…) e beijos (associado a algo bom…). No entanto, como os barcos e beijos, fazem estremecer as águas, parecendo querer dizer que as palavras têm um poder enorme comparando com o seu poder à força de revoltar as águas.
    Na estrofe seguinte as palavras são caracterizadas como desamparadas, inocentes e leves, o que significa que podem ser frágeis, ingénuas. Tecido é algo que envolve, portanto o poeta parece querer transmitir que as palavras são cobertas com luz (pode referir-se à alegria ou à felicidade), mas, no entanto, são igualmente apresentadas como a noite (pode referir-se à infelicidade ou à tristeza). Nos dois últimos versos, o autor reconhece que, mesmo que as palavras não sejam intensas (menos boas), ainda assim, podem lembrar-nos locais muito bons como “verdes paraísos”.
    Com a última estrofe, o autor pretende dizer que cada leitor pode interpretar as palavras de diferentes modos e atribuir-lhes um sentido.

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  2. Na minha opinião, que por acaso é muito semelhante à tua, o autor pretende definir as palavras comparando-as com coisas ou com acontecimentos.
    Penso que o objectivo do autor com esta comparação é mostrar os sentimentos que nos provocam quando nos são ditas. Por exemplo, quando o autor compara as palavras aos cristais pretende transmitir que algumas palavras têm um significado importante para nós, tal como tu dizes que são poderosas e preciosas.
    Gostei bastante do poema, achei incrível como o autor encontrou algo que se associa-se a muitos dos sentimentos que as palavras nos prepocionam.
    Fizeste uma boa escolha, Cátia (:

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  3. Olá!
    Concordo com as duas, penso que o sujeito poético pretende mostrar-nos os múltiplos sentidos das palavras. Primeiro, as palavras são comparadas a um «cristal», já que têm muitas faces e podem denotar vários significados, como a transparência. Contudo, as palavras podem ser duras e cruéis como «um punhal» podendo ser fonte de sofrimento. Por isso, as palavras podem ser como «um incêndio», o que nos remete para um cenário de destruição, isto é, para o poder simbólico das palavras de magoar. Contudo, as palavras podem ser «orvalho», ou seja, refrescam.
    O eu poético evoca também o carácter misterioso das palavras pois o pronunciar de certas palavras «cheias de memória» transportam-nos para momentos do passado, que julgamos ter esquecido. Além disso, as palavras «navegam», «oscilam» conforme o sentido que lhes atribuímos, sendo por isso «inseguras». Assim, umas são obscuras e opacas, «são a noite», enquanto outras são «inocentes», «leves», feitas de «luz» devido à diversidade polissémica dos sentidos e à forma como são proferidas.

    P.S. Também achei uma óptima escolha :D

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  4. Olá Johanna,
    Sim o autor consegue arranjar magníficas comparações. Pelo facto deste ter retratado aquilo que eu penso, acerca das palavras, e ter a mesma opinião que eu, o encantamento pelo poema ainda foi maior.
    Espero que também dês tanto valor às palavras quanto eu. Hoje em dia, muitas pessoas falam como querem e não tem a noção do quanto podem ou estão a magoar as outras pessoas. Na minha opinião é mesmo preciso ter cuidado com o que se diz.
    (Muito obrigada por teres vindo comentar)

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  5. Olá Ana,
    gostei da tua breve análise ao poema e tens toda a razão.
    As palavras têm várias frentes, vários significados, tudo depende do modo como as proferimos, da importância que lhes damos, do sentido que lhes damos (como disseste) entre outras coisas.
    Por isso mesmo, espero que, tal como disse à Johanna, dês o devido valor às palavras.
    (Um muito obrigada por teres vindo comentar)
    =)

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  6. Quem as escuta? Quem
    as recolhe, assim,
    cruéis, desfeitas,
    nas suas CONCHAS PURAS?
    O que a expressão destacada: “CONCHAS
    PURAS” sugere sobre as palavras?

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