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Introdução

Olá meus caros visitantes (:

Antes de espreitarem o meu blog, queria fazer uma breve apresentação.

Este blog é uma antologia que contém cinco poemas de cinco poetas de língua portuguesa do século XX.

Esta antologia foi realizada no âmbito da disciplina de Português e a pedido da professora. Gostaria de partilhar convosco estes poemas porque achei que eram adequados ao tema e de fácil interpretação. Por isso, penso que a deverão ler e saborear.

De seguida, apresento a estrutura. Esta antologia constituída pelos poemas e respectivos comentários, onde apresento a minha opinião e uma pequena análise. Os poemas foram escolhidos com o tema da importância das palavras e estão ordenados pela minha ordem de preferência, sendo o primeiro aquele que eu aprecio mais.

Desejo a todos uma boa leitura e não se esqueçam de deixar o vosso comentário!


Cátia Rodrigues

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Coisas, Pequenas Coisas

Fazer das coisas fracas um poema. 


Uma árvore está quieta,

murcha, desprezada.
Mas se o poeta a levanta pelos cabelos
e lhe sopra os dedos,
ela volta a empertigar-se, renovada.
E tu, que não sabias o segredo,
perdes a vaidade.
Fora de ti há o mundo
e nele há tudo
que em ti não cabe.

Homem, até o barro tem poesia!
Olha as coisas com humildade. 


Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

As Palavras

São como cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
Um incêndio.
Outras,
Orvalho apenas. 

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
As águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.


Quem  as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade, Coração do Dia

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
Palavras de amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O’Neill, No Reino da Dinamarca, Guimarães Editores

Um poema

Um poema
é a reza dum rosário
imaginário.
Um esquema
dorido.
Um teorema
que se contradiz.
Uma súplica.
Uma esmola.
Dores,
vividas umas, sonhadas
outras...
(Inútil destrinçar).

Um poema
é a pedra duma escola
com palavras a giz
para a gente apagar ou
guardar


Saul Dias, Essência, Brasília Editora

Espinha Dorsal